O Adeus do Kiko :( Entrevista Exclusiva de Carlos Villagrán
RIO — Na época da vila, Kiko e Chaves eram amigos, mas viviam brigando. Quando Carlos Villagrán saiu do seriado em 1978 e depois foi fazer um programa solo com seu personagem bochechudo, a vila e a amizade com Roberto Gomez Bolaños (autor e intérprete de Chaves) nunca mais foram as mesmas. Trinta e cinco anos depois, Villagrán está aposentando o terninho de marinheiro e, sem lavar a roupa suja, dá esperança aos fãs de uma reconciliação com Chespirito: “Eu aceitaria com muito prazer me encontrar ou falar com ele novamente”, diz Villa. Antes de seu último show no Brasil, pela primeira vez no Rio (neste sábado, às 20h, no Circo da Quinta da Boa Vista), o ator explicou, em entrevista ao GLOBO, por que está se despedindo de Kiko, por quem tanto brigou, até na grafia adaptada no nome com “k”, por problemas de direitos autorais com Bolaños.
O GLOBO: Por que aposentar o Kiko, deixando órfãos os fãs de “Chaves”? Do que você vai sentir mais falta nos palcos?
Carlos Villagrán: Estou com 69 anos. Por respeito aos fãs, vou parar de competir com o meu pior inimigo: o Kiko mais jovem que aparece todo dia na televisão. Não posso brigar com ele, pois ele não envelhece e não vai com a minha cara! Mas os fãs não vão ficar órfãos, a série vai continuar aí para quem quiser assistir. Vou sentir falta do público e das risadas, é muito lindo!
Como está a expectativa para o seu primeiro show no Rio? Já esteve na Cidade Maravilhosa antes?
Já estive no Rio, mas é a primeira vez que apresento meu show. Estou super feliz, pois vai ser uma despedida em um circo, e eu já me apresentei em muitos circos na minha vida. Não vejo a hora de poder agradecer aos amigos do Rio de Janeiro por tanto carinho! Por tantos anos fazendo feliz o meu coração! Afinal, é por causa dos fãs que eu como, e todos os que dependem de mim também.
Você vê alguma diferença entre os fãs brasileiros e os do resto do mundo?
No Brasil há muito mais fãs que nos outros países, e são muito mais empolgados e carinhosos. Amo os fãs brasileiros e tenho muitos amigos daqui pelo Instagram (@carlos_kiko1). Este país significa muito para mim, e meu amor pelo Brasil é tão grande que, quando eu morrer, eu quero que minhas cinzas sejam trazidas para cá.
Os fãs podem ter alguma esperança de você e Chespirito fazerem as pazes?
Eu aceitaria com muito prazer me encontrar ou falar com ele novamente. Não tenho nenhum problema com isso.
Como é a sua relação com os demais integrantes de “Chaves”? Guarda alguma
mágoa deles?
Eu não me misturo com a gentalha (risos)! Não guardo mágoa de ninguém, simplesmente não há relação, nem para o bem nem para o mal. Às vezes nos encontramos em bastidores de programas de televisão pelo mundo. Recentemente, antes de vir ao Brasil, me encontrei com Maria Antonieta de las Nieves (a Chiquinha) em Los Angeles, e gravamos juntos uma esquete com o Kiko e a Chiquinha. Tivemos uma ótima conversa sobre os velhos tempos.
Sente saudade daquele grupo que viajou pelo mundo fazendo shows e encantou gerações?
Lembro com muito carinho de quando éramos como uma família unida. Viajávamos e passeávamos juntos. Foi um grupo tão bonito, que transmitíamos isso no programa.
Que falta faz Ramón Valdés na sua vida?
Don Ramón, o Seu Madruga, era o meu melhor amigo. Era uma pessoa divina, muito querida, humilde e agradável. Que descanse em paz. Éramos muito unidos, e os mais simples do grupo.
Como é a vila do Chaves após a saída de Kiko e Seu Madruga?
Depois que o Kiko saiu — aliás, foi tirado do programa — e da saída do Seu Madruga, a série perdeu a graça. Éramos o sal e a pimenta da série, que nunca mais teve o mesmo sucesso. Todos os personagens ficaram sem função. A Dona Florinda não tinha mais o filho e também não tinha mais em quem bater. A Chiquinha ficou órfã. O Senhor Barriga não tinha mais para quem cobrar o aluguel atrasado. E a Bruxa do 71 perdeu seu motivo de viver. Acabou o programa aí.
E o desenho animado, já assistiu? Aprova o Kiko animado?
Não vejo o desenho, porque tenta imitar a série clássica, mas não é a mesma coisa.
O que representou para você ser nomeado embaixador de Porto Alegre na Copa de 2014?
Foi uma honra muito grande, pois o futebol é minha grande paixão!
E como foi o encontro com o Neymar? Prefere ele ou o Messi? Pelé ou Maradona?
O encontro com o Neymar foi demais, a realização de um sonho! Fiquei muito emocionado, pois ele e o Messi se fantasiaram de Kiko recentemente. E o Pelé e o Maradona são dois grandes ícones mundiais. Eu sou amigo do Maradona, mas foi por causa da Copa de 70 que eu dei a um dos meus filhos o nome de Edson, em homenagem ao Pelé.
Qual seleção você acha a favorita na Copa das Confederações? Acha que Brasil e México têm chances?
Meu coração fica dividido, mas acho que o Brasil é que tem que ganhar. Afinal, aqui é o país do futebol!
Por que você não fica para a Copa das Confederações, já que o México vai jogar contra a Itália no Maracanã?
Eu quero muito assistir aos jogos! Você me dá as entradas? Ou me ajuda a entrar pelos fundos? Me empresta sua televisão?
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